sábado, 21 de agosto de 2010

CONIC realiza VI Conferência da Paz, em Brasília (DF)

O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) realizou, dia 19 de agosto, a VI Conferência da Paz no Brasil. O evento, sediado no auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), reuniu líderes religiosos, representantes da sociedade civil, membros dos movimentos populares, estudantes e formadores de opinião. 'Direitos Humanos e Participação Popular: Por um Limite da Propriedade da Terra' foi o tema central do encontro.
Abriram a atividade o Rev. Luiz Alberto Barbosa, secretário geral do CONIC; Pe. Nelito Nonato, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); Anadete Gonçalves Reis, Cáritas Brasileira e Fábio dos Santos, da Secretaria de Direitos Humanos (SDH).

Em sua fala, Luiz Alberto fez um retrospecto das Conferências anteriores e lembrou aos presentes sobre a importância de se trazer para a sociedade a temática dos direitos humanos e a questão da desigualdade na distribuição de terra no Brasil. “Que essa VI Conferência sirva de motivação para que o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra seja um sucesso em todo o país”, disse.
Pe. Nelito lembrou que é impossível discutir economia sem falar em vida, fazendo alusão ao tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano. Para ele, é imprescindível que a sociedade se debruce sobre a questão proposta pela VI Conferência da Paz. “É preciso que, apoiados nos valores evangélicos, apresentemos uma alternativa de vida e de paz, onde todos tenham acesso aos recursos necessários para levar uma vida digna”, afirmou.
Primeira mesa – 10h15
Marcaram presença na primeira mesa de debates, Iradj Eghrari, Comunidade Bahá’í; Mário Benedito de Souza Silva, Conferência Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG); Maria da Graça Amorim, Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (FETRAF), também representando a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Daniel Seidel, da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP).
O mediador Iradj Eghrari disse que o sistema econômico atual, que preza pela competição, ao invés da colaboração, não coaduna com o princípio maior da natureza, onde todos vivem em harmonia, ajudando-se mutuamente em prol de objetivos comuns. Em sua opinião, tal como no corpo humano, onde todos os órgãos têm uma meta única, que é o bem estar de todo o organismo, é preciso que a sociedade comece a caminhar unida em prol de causas maiores.
Êxodo rural, empecilhos judiciários, educação e direitos humanos para as populações rurais, Código Florestal Brasileiro, emprego no campo, agricultura familiar e ecologia estiveram entre os assuntos tratados. “Falta sensibilidade do Poder Judiciário para questões como a reforma agrária. E todos sabem que é a agricultura familiar que alimenta nossa população”, disse Mário.
Para Daniel Seidel, não há direitos humanos sem a participação popular. “Direitos humanos só se faz com a participação das pessoas, que passam a ser protagonistas de questões como a da terra, que não é propriedade de ninguém, mas de uso coletivo. Essa é uma luta digna, válida, e que deve ser apoiada por todos nós”, explicou.
  
Atividades da tarde – 14h
O momento foi focado no Plebiscito Popular, que será realizado entre 1 e 7 de setembro, cujo objetivo é propor um limite para as propriedades agrárias do Brasil. A primeira palestrante foi Maria Lúcia Fattorelli. Ela fez um apanhado histórico dos plebiscitos populares já realizados no Brasil, como o da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) e o da VALE, que propunha a estatização da mineradora. “Vale lembrar para todos vocês uma frase de Karl Marx [economista, filósofo e socialista alemão] que diz: ‘a emancipação dos oprimidos será obra deles mesmos’”, disse Maria, lembrando que as mudanças devem partir da sociedade.
Gilberto Portes, do Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo (FNRA), apresentou as várias propostas do Plebiscito Popular e tudo o que ele engloba, como a erradicação da pobreza, segurança alimentar, entre outros. Para Portes, “essa campanha tem um objetivo estratégico, pois mexe no cerne dos muitos problemas que assolam a sociedade brasileira, propondo uma mudança estrutural de todo o Brasil”.
“É preciso lembrar que esse Plebiscito é popular desde a raiz, organizado com recursos próprios, doações da sociedade civil organizada, sem apoio algum do governo, até porque, limitar as propriedades de terra não é algo que está na pauta dos gestores públicos na atualidade”, avaliou Luiz Alberto.
Mesa de encerramento – 16h30
Por fim, Gilberto Portes, Pe. Nelito, Rev. Luiz Alberto, Lúcia Fattorelli, além do presidente e do assessor de direitos humanos do CONIC, P. Sin. Carlos Möller e Everardo de Aguiar Lopes, respectivamente, encerraram as atividades do dia. “A terra é de Deus, diz o salmista. Se nossa relação com a mesma não for de amor, ela nos dará uma resposta dura por aquilo que não conseguimos realizar. É preciso amar a terra para que ela continue sendo o fundamento dos nossos pés e a base de uma vida cheia de harmonia e paz”, encerrou Carlos Möller.
CLIQUE AQUI e confira o documento final da VI Conferência da Paz.
 
Fotos: Brizza Cavalcante - Agência Câmara

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