Contextualização do Movimento Ecumênico em Belém do Pará
No dia 04 de novembro aconteceu na casa das Irmãs Franciscanas de São José, em Ananindeua-Pa, um diálogo sobre a contextualização do Ecumenismo no Pará. O propósito do diálogo fez parte da disciplina de Ecumenismo do Curso de Formação Humana promovido pela CRB – Conferência dos Religiosos do Brasil, ministrada pela teóloga Roseane Brito.
O Ecumenismo faz parte da história recente de nosso país e por isso deve ser estudado nas suas diversas relações e implicações. O Movimento Ecumênico no Pará construiu uma rede de pessoas e instituições que foram influenciadas pelas idéias e práticas pastorais desenvolvidas dentro do movimento, difundindo conceitos como responsabilidade social, educação popular, ecumenismo, prática social, participação política, agente de transformação, etc.
Para o Prof. Rev. Anglicano Fernando Ponçadilha, “o movimento ecumênico em Belém começou a despertar em plena Ditadura Militar quando em março de 1980, ocorreu a morte do estudante César Moraes Leite dentro da sala de aula no campus básico da Universidade Federal do Pará, por um colega de classe 'Policial Federal', foi então, que a Pastoral da Juventude Universitária, coordenada pelo Pe. católico Savino, se reuniu e saiu fazendo passeatas e mobilizações pelas ruas de Belém, foi um dos maiores protestos vistos no Pará após o Golpe Militar. Programaram uma celebração ecumênica no Ginásio da UFPA e dentre os celebrantes estavam a Pastora Rosa Marga Rothe da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil, o padre Savino da Igreja Apostólica Romana e outros ministros de outras religiões. A partir desse acontecimento começou um movimento para repudiar a Ditadura Militar”.
Um ano depois em 1981, na conhecida guerrilha do Araguaia, com a reivindicação de posse de terras gerou-se conflitos entre fazendeiros e posseiros na área chamada de Cajueiro, em são Geraldo do Araguaia, no Pará. Houve confrontos e aconteceu uma emboscada, resultando em prisões de posseiros e padres da Igreja Católica Romana.
Foi a partir desses acontecimentos que surgiu o MLPA – Movimento pela Libertação dos Presos do Araguaia que acabou fortalecendo a Pastoral da Terra. Após o encerramento da MLPA alguns grupos resolveram criar entidades que se comprometessem com as causas populares, foi então criada a UNIPOP – Instituto Universidade Popular, que surge como iniciativa de educação experimental para a cidadania, partindo de três abordagens específicas: a sócio-política, a teológica-ecumênica e a lúdico-teatral.
Dentro da UNIPOP surge o CAIC – Conselho Amazônico de Igrejas Cristãs, com o propósito de criar-se um curso de teologia popular como espaço de reflexão bíblica teológica a partir do compromisso ecumênico.
Segundo o presidente do CAIC Tony Vilhena, “o ecumenismo é bíblico e teológico, deve ser uma prática tranversal na vida cristã. Jesus pediu a unidade de seus discípulos e discípulas (Jo 17,21)”.
O ecumenismo exige um coração voltado para a paz e a valorização do outro. Não basta realizar ações ecumênicas, é preciso ter de fato a espiritualidade do diálogo. Essa espiritualidade exige o cultivo de muitas qualidades, como por exemplo:
● esperança ● amor à paz ● humildade ● capacidade de ouvir ● paciência ● discernimento ● lealdade ● alegria ao ver o bem ● respeito ao outro.
Segundo Fernando Ponçadilha “tudo o que aconteceu em épocas remotas tinha um objetivo, afetar a pastoral da Terra, porém, na ótica de hoje, o ecumenismo em Belém deve ser renovado, pois vivenciamos outro momento de história e de diálogos com as igrejas Cristãs.”
Para concluir, vale a pena relembrarmos que ecumenismo vem do grego oikos = casa, a casa habitada, “o nosso planeta geme como se tivesse com dores de parto, vamos ser solidários nos unindo no amor e na fé para um mundo melhor”. A Mãe terra agradece.
Fonte: http://www.teoikos.blogspot.com/
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