segunda-feira, 5 de outubro de 2009

SESPA e organizações religiosas promovem seminário sobre AIDS

AIDS E RELIGIÕES: um debate que faltava acontecer


No dia 02 de outubro, mais de 120 pessoas de diversas religiões, grupos gestores de saúde pública e de equipes de pesquisas participaram, em Belém do Pará, do 1º Seminário Aids e Religiões: Perspectivas e Desafios. O Evento foi promovido pela Coordenação Estadual de DST/AIDS da Secretaria de Estado de Saúde Pública – SESPA – e contou na organização com três entidades da esfera religiosa: a Associação Afro-religiosa e Cultural Aciyomi; a Pastoral da AIDS, representando a Igreja Católica Romana; e o Conselho Amazônico de Igrejas Cristãs (CAIC).

O coordenador estadual do Programa da SESPA para DST/AIDS, Dr. Lourival Marsola, considera que esta primeira experiência representa um marco na contribuição das religiões enquanto disseminadoras de informação para a prevenção à AIDS e acolhimento fraterno das pessoas que vivem com o HIV. Já para a coordenadora do Seminário, Drª Débora Onuma, este foi apenas o primeiro passo de uma parceria estratégica da SESPA com os segmentos religiosos na produção e multiplicação de conhecimentos em torno deste tema que muitas vezes é omitido dos espaços religiosos.
O seminário foi aberto por uma partilha musical onde cada religião presente foi convidada a saudar os participantes com uma música ou saudação de sua tradição. Em seguida, Mãe Nalva expôs o primeiro painel sobre como as religiões afro-brasileiras têm adequado seus ritos e cultos a partir do fenômeno de avanço da AIDS. Mãe Nalva disse que para o candomblé não existe a concepção de pecado ou salvação, por isso os terreiros sempre tiveram um trabalho muito grande de acolhimento de pessoas excluídas por serem portadoras do HIV e que eram rejeitadas por suas famílias. Deste trabalho, surgiu a iniciativa de se produzir os “Murais” nos terreiros do Pará. Estes “Murais” trazem informações sobre prevenção, tratamento e direitos humanos.
Tony Vilhena, coordenador do CAIC, apresentou o comportamento das igrejas evangélicas diante do surgimento e avanço da AIDS. Segundo Tony, no início, década de 80, as igrejas apontaram a AIDS como sinal dos tempos ou peste do Apocalipse, sobretudo, porque se criou neste período um estigma que a AIDS era uma doença para os homossexuais ou prostitutas, dois segmentos muito atacados pelo segmento evangélico. Mas como nos anos 90 a AIDS não se limitou mais dentro de segmentos sociais, atingindo todas as camadas, religiões e culturas, as igrejas timidamente começaram a perceber que não podiam mais tapar o sol com a peneira. Mesmo assim, em pleno século XXI, o trabalho das igrejas referente à AIDS ainda é muito inexpressivo no Pará. Por fim, Tony citou como inspiradora a Cartilha Igreja Solidária e Transformadora produzida pela Diaconia e Koinonia, sendo que nesta cartilha os interessados podem encontrar roteiros de oficinas de capacitação sobre AIDS para trabalhar em igrejas.
Encerrando o seminário, Drª Ana Marta Baptista palestrou sobre “AIDS e religiões na experiência clínica”. Na sua apresentação, Drª Ana Marta fez o histórico do surgimento do vírus e mostrou como a religião pode contribuir na adesão ou afastamento de pacientes ao tratamento de saúde.
Este seminário foi muito importante para a articulação das entidades de pessoas vivendo com o HVI/AIDS e as organizações religiosas, estabelecendo um fórum especial de diálogo com o poder público.

Um comentário:

  1. A minha esposa estava lá, a Rosinda.

    Quem é o editor do blog do Caic, sou o Thiago e fiz a logo atual do Centro e posso fazer um topo pra vocês. Se quiserem é só responder no meu blog, o Descanso da Alma.

    Paz e Bem.

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